terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Espelho


Há dias não olho para um espelho.
O que resta é uma imagem borrada na memória do que um dia já fui.
Reflexos no metal, só mostram um semblante obscuro daquilo que sou.
Acho que perdi a identidade...
Ou então: a preservando.
Só posso ver o reflexo dos outros nos meus olhos, não mais o meu...
Para que se enxergar?
Para que se mostrar?
Para que se revelar?
A imagem refletida é uma inversão da imagem exterior, ela não existe.
Materiais refletivos, materiais distorcidos...
“ Será que podem olhar através dos olhos dos outros e me verem? ”
Eu espero que não...
O que restou é o sentido, um sentido disforme do que meu rosto agora é.
“ Tenho que ao menos arrumar o cabelo, que a “cara” não tem mais jeito. ”
Como eu gostaria de quebrar todos os espelhos...
Não mais me ver, não mais ter me conhecido, mas nunca, nunca, me esquecido.
Uma identidade não é formada pela visão de si mesmo pelos seus próprios olhos.
Tão pouco na dos outros...
Não importa como me pareço...
Não importa como me vejam...
Ainda sei quem sou...